CADERNO CULTURAL "A" REVISTA: GALERIA TRAMAS - URBANICO JOSÉ TANNURI

A abertura da exposição faz parte do evento Atlântico Contemporâneo!

“Urbanico” talvez seja, a junção de duas palavras: urbanos + nanicos = urbanos somos nós, e nanico é o espírito humano.

Pensar as cidades para apontar o caos que é viver num complicado emaranhado de deficiências, onde tudo e todos funcionam precariamente, é uma questão central desses trabalhos mais recentes da série Urbanicos que fiz em 2013 para esta exposição na galeria Tramas.
A mobilidade urbana, a mudança de paisagem para um paisagismo árido, a poluição visual e sonora, a qualidade do ar, a arquitetura medíocre e, principalmente, a qualidade de vida aparecem de forma contundente e literal desde a escolha dos materiais, as cores, os objetos e os suportes que escolhi para trabalhar.
Sem nenhum preconceito de assumir um lado literal, olho para tudo que criei e desenvolvi, ao longo de minha vida, e vejo uma clara costura que permite identificar facilmente as ligações entre os meus trabalhos e os meus interesses.
Agora, minha intenção é apontar para os congestionamentos de todas as ordens e desordens. Nesta exposição, o público poderá ver três colagens do Centro do Rio com a inserção de árvores que se destacam na paisagem. Outros quatro trabalhos, também do Centro do Rio, visto de cima, montados em caixa de acrílico colorido abordam os engarrafamentos da cidade. Sua coloração laranja e vermelha denuncia uma condição desfavorável ao crescimento e o aquecimento desenfreado do planeta.
Nessa poética urbana, resolvi também mostrar alguns ensaios de arquitetura: [Casa (a minha, a nossa e a dele)] e outras nove pinturas sobre madeirite, insumo utilizado em larga escala na construção civil. Tendo a considerar Autoestrada uma síntese desses trabalhos. Com uma perspectiva exacerbada mecanicamente, Autoestrada conduz de forma acelerada o pensamento para um infinito instantâneo em que se pode imaginar para onde nos leva essa estrada ou autoestrada. Não se trata de um pensamento escatológico, mas de uma necessidade de mudança de rumo... Precisamos evoluir em todos os sentidos.
Jose Tannuri