Olhem só isso!
Acabamos de assistir a entrevista do diretor do MASP Heitor Martins no programa Roda Viva na TV Cultura.
É muito interessante as discordâncias que tenho de sua fala, por exemplo: diante da pergunta da Vera Trefaut, que descreve a duvida sobre os porquês dos altos preços, muitas vezes atingidos pelas obras de arte, que o mercado coordena ou rege, simplesmente o diretor, lembrando que ele é do principal museu da América Latina, não soube responder, ele não tem nenhum principio para poder elaborar um pensamento coerente, para o tema levantado?
Eu vou esclarecer: uma obra de arte, verdadeira não se pode confundir com um simples trabalho artesanal, reitero não é qualquer coisa que se pode se chamar de arte. tem que ser produto de criação, então deve-se considerar os três valores intrínsecos , isto é, material, este contado em valor monetário ou dinheiro para ser claro, poético documental, que retrata uma época, possivelmente, ou situação histórica, politica e economia e finalmente o valor estético, se é bonito ou se é feio, figurativo ou abstrato, estilo, linguagem, etc.
O mercado faz o valor!
Então neste ponto ele falhou, não poderia, pois é diretor do MASP.
Também indagado que foi sobre a Feira, não é possível em hipótese alguma concordar com sua tese, até certo ponto sem nexo, que ele defende, para se ter ideia nunca o museu desceu da laje com alguma exposição, sua resposta foi morna, amarela e insipida.
Vejam, o espaço liberado pela prefeitura é livre, não é responsabilidade da entidade em questão, esse espaço como é de conhecimento de todos ( menos da diretoria do museu, lógico ) foi reservado para a população admirar, se deleitar com a paisagem paulistana, simples também, por isso é que elaborou com a participação de Pietro Maria Bardi o projeto para se instalar ali a conceituada feira, uma excelente estrategia para atrair espectadores para o local, que funcionou perfeitamente bem durante quase meio século sem contar as mais diversas interferências do museu para acabar com a Feira de Artes e Antiguidades.
Aquele espaço nada tem a haver com o MASP, só para salientar.
Agora vejam o despautério: os expositores, vamos admitir, com níveis intelectuais diversos, digo, variados, aliás saliento que isso implica diretamente no nível e na riqueza das peças expostas, nos quase oitenta stands, o que permite a apresentação de peças monumentais como: Bartolozzi, William Hogarth, Jean Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas, Rembrandt, Bleau, Ferri, Tarsila, Piranesi, Di Cavalcanti, Pablo Picasso, etc. Olhem muitos outros nomes icônicos já circularam pela Feira, mas lembro que todos esses acima citados vieram para exposição através do meu stand.
Tem muitos outros nomes, inclusive autores literários, escultores, pintores, gravadores, etc. Também peças extraordinárias confeccionadas em prata, porcelanato, até mesmo em ouro e no estado de original, salientando bem, que por la passaram e nunca ninguém do museu desceu la de cima da já referida laje, para examinar essas peças tão preciosas para a cultura humana, está bem, vamos ser mais contidos, paulistana. Bom, essas peças apareciam na Feira e bem de baixo de seus narizes, então é questão pessoal e covarde, com a população de São Paulo e visitantes de todo o mundo, que frequentavam a Feira.
Pelo contrário sempre deixaram claro o incomodo que prestávamos e não a gratidão pelo trabalho de pesquisa, resgate, restauração, preservação e direcionamento, de importantes nomes para coleções conceituadas.
A arte pode ser para museus, mas ninguém pode ser impedido de possuir em seus acervos ou projetos obras de altíssimo valor estético, simplesmente todos tem direito de enfeitar suas casa e ou seus ambientes. A Feira atraia para o local um público muito especial que se interessava pela cultura artística.
A feira tem, ou tinha, a função de atrair essas pessoas e dar sentido ao intelecto delas que sempre começavam por ver, a juntar e com o tempo colecionar bens culturais ou obras de arte.
O diretor foi indagado e não soube responder também, sobre o sentido da existência da obra de arte, e dos artistas, logico. Pouca gente sabe disso, vamos admitir, mas a História da Arte é a mesma coisa que a Historia da Evolução Inteligencia Humana, ou como evoluiu a inteligencia, também isso é muito simples e ele não soube discursar.
Então pode até ser um gestor, como ele mesmo afirmou, mas de arte, investimento ( lembramos que dinheiro não é para gastar e nem para enfiar sob o colchão) e estética não tem discurso e nem princípios para elaborara-los.
Devemos reconhecer também que em nenhum momento a Associação, que coordenava a Feira se propôs a participar de alguma forma da direção do MASP, e, que também, o museu, nunca convidou essa referida associação para opinar em suas decisões.
A verdade é que a Feira Paulistana de Artes e Antiguidades, foi enxotada pelo MASP, e pela prefeitura, de seu espaço legalmente cedido pela mesma prefeitura e por lei.
Na real: foi pé no traseiro de todo mundo, literalmente!
Líbano Montesanti Calil Atallah
Artista, Professor, Antiquário, Colecionador, Galerista, Escritor, Músico e Juiz Arbitral (FGV)